mercredi 28 novembre 2012

Abraço - Performance / Rio de Janeiro, 2012







Conceito: Biño Sauitzvy
Performers: Biño Sauitzvy et Renato Linhares
Direção Fotografia e video: Mauro Pinheiro Jr
Som: Caique Mello Rocha
Texto: Manoela Sawitzki
Rio de Janeiro, Brasil, Maio 2012. (Estação Carioca e Cinelandia.)
Photo: Breno Cunha e Mauro Pinheiro Jr.


"Abraço" é uma performance inspirada na série de tiras do cartunista brasileiro Laerte Coutinho "Dois homens que se abraçam". A performance consiste em um abraço filmado entre dois homens que dura uma hora, em espaço público. Além do questionamento do tempo sugerido pela imobilidade da imagem/gesto/ação, o "espectador"/transeunte se torna um dos objetos principais da performance. Como é possível uma desmonstração de afeto entre dois homens gerar tanta violência e revolta na sociedade contemporânea?A câmera atua como quadro e suporte registrando esse momento efêmero e as reações que ele causa, assim como amplia e multiplica a produção da performance a outros fenômenos: filme? exposição? projeto multi-mídia? livro? catálogo?
Abraço
substantivo masculino
1.ato de abraçar, de apertar entre os braços;
amplexo; envolver (algo ou alguém) com os braços,
mantendo-o junto ao peito; cingir com os braços.
2.Derivação: sentido figurado.
demonstração de afeto, de amizade.
3.Derivação: por metáfora.
junção ou união de coisas ou pessoas;
aderência, fusão; adotar; seguir.
4. Rubrica: arquitetura.
entrelaçamento de folhagens lavradas à volta de uma coluna
Dois homens se abraçam.
Que viadagem!”
(“O abraço é quando duas ou mais pessoas – geralmente duas – ficam parcial ou completamente entre os braços da outra. É usado, dependendo da cultura local, como forma de demonstração de afetode uma pessoa para outra. Através dele podemos cumprimentar ou expressar sentimentos como carinhoamorcompaixãosaudade,congratulação etc. Um abraço em alguém pode demonstrar também proteção instintiva.”)
Dois homens se abraçam em frente à Estação da Cinelândia, numa tarde de maio. Os carregadores da feira ao lado param o trabalho para assistir.
Olha lá!”
Vão casar, é?”
Bichonas!”
Venta, chove e não chove. O outono em frente à Estação da Cinelância. Nos homens que se abraçam, são quatro. Faz frio, calor, é seco e úmido no abraço.
O que é isso, um filme?”
Mais ou menos.”
Sobre o quê?”
Um abraço.”
Um abraço?!”
É.”
Só isso?”
Só isso.”
Tropical e polar o entorno. Os minutos passam, o povo passa. Os olhos. Há quem fique e fixe as retinas num abraço entre homens. Alguém conta pasmado sobre o abraço ao telefone; dois amigos sussurram e riem entre si; uma mulher negra se volta e diz “Misericórdia”; um velho trôpego sacode a cabeça em desacordo. Há quem grite – e são muitos. O mundo enquanto dois homens se abraçam em frente à estação.
Joga água que separa!”
(“O abraço consiste basicamente no envolvimento de uma pessoa nos braços da outra. É possível um abraço "completo", quando as duas pessoas se abraçam entre si ou um abraço unilateral, quando alguém permanece imóvel e a outra pessoa a abraça. Geralmente um abraço é dado pela frente de ambos, mas também pode ser dado de lado ou por trás. Entretanto, a expressão "abraço por trás" pode ter um sentido sexual mais forte. Um abraço pode ser coletivo e dado entre mais de uma pessoa ao mesmo tempo.”)
Dois homens se abraçam, e é o homem que se abraça. Pai e filho e irmão e amigo e macho e fêmea e criança e velho e amante e desconhecido. Desconhecidos amorosos abraçam dois homens que se abraçam em frente à Estação da Cinelândia.
Olha ali que lindo! Eles tão se abraçando!”
Moço, pode abraçar também?”
Pode.”
Um mendigo se aproxima, coxeia, arrocha, se ri e xinga os dois homens com seu bafo alcóolico. Outros assistem e gargalham.
(“Recebendo visitantes chineses: dez erros a evitar:”
7. Não invadir a bolha da privacidade: (...) Para os chineses, a demonstração pública de afecto ainda continua a ser rara. (…) Evite abraços, palmadas nas costas e grandes efusões de alegria. Mantenha a distância e evite tocar no braço do seu interlocutor mesmo quando lhe tem de indicar o caminho.”)
O que vocês vão fazer com isso? Vai passar onde?”
Não sabemos.”
Meu pai ensinou a nunca ter preconceito. Deus quer o amor. Tá faltando é amor nesse mundo.”
O pai que se foi e fica colado à pele, o filho que nunca se deixa de ser. O irmão que se é mesmo quando não há qualquer outro laço possível. O sangue que se agarra ao sangue. No medo, na perda, na dor, na alegria, no Réveillon, no aniversário, no encontro no aeroporto, na despedida. O abraço. Os corpos que se querem em silêncio. A pele, no abraço, diz.
(“É possível também abraçar objetos ou animais, como por exemplo uma árvore ou um pequeno cão. Algumas vezes, abraços entre amigos pode ser feito ou finalizado com uns tapinhas nas costas.”)
Esse filme é sobre homofobia?”
É sobre um abraço.”
E eles são atores?”
De certa forma, são.”
Essa gente aí gritando, é uma hipocrisia.”
Um abraço incomoda.”
Eu sou homossexual e michê. Esses caras engravatados passando e fazendo cara feia aí, são os mesmos que deixam a mulher em casa e ligam pra mim. Se não pegam michê, pegam travesti.”
(“Dependendo da intensidade e forma como é expressado, um abraço pode fazer parte do relacionamento sexual dos seres humanos, despertando tanto no homem quanto na mulher, sinais de libido. Esse tipo de abraço pode acompanhar um beijo apaixonado. Apesar de incomum, pode-se dizer também que alguns animais podem abraçar. Uma gorila, por exemplo, pode abraçar seu filhote de forma muito parecida com o ser humano, uma gata pode cobrir seus filhotes com a pata para proteger, e pode ser interpretado por nós como um abraço.”)
O abraço antropofágico.
* quando se pretende uma despedida neutra, nenhum excesso constrangedor de intimidade, subscreve-se ao final do e-mail: “ab”. sempre que recebo esses abraços abreviados em duas letras penso que só abraço quem gosto, que sempre abraço forte quem amo. impessoais são os beijos abreviados que dou no rosto do estranho que alguém inadvertidamente me apresenta. cujo nome esqueço no minuto seguinte.
Abraço,
Manoela.

dimanche 25 novembre 2012

Masculin/Féminin


Biño Sauitzvy
Masculin/Féminin
Cie L'In-Quarto
Mise en scène Julie Duclos
Photo Julien Mesemer

vendredi 23 novembre 2012

Masculin/Féminin


MASCULIN/FÉMININ

Mise en scène Julie Duclos / Cie L’In-quarto
Avec : Calypso Baquey, Maëlia Gentil, David Houri, Yohan Lopez, Alix Riemer, Bino Sauitzvy

Masculin/Féminin est un work in progress où s’expérimentent en direct portraits filmés, enregistrés ou photographiés, histoires personnelles ou imaginaires, auto-fictions et, de Godard à Koltès ou de Paul Auster à Sophie Calle, quelques citations d’auteurs. Dans cet atelier-laboratoire, une bande d’amis est au travail, trois hommes, trois femmes. Sous la direction d’un metteur en scène au féminin, ils explorent les questions du désir, du corps, du genre et de l’identité sexuelle en les reliant aux questions du jeu d’acteur, de la création scénique, de la représentation, du regard de l’autre et des frontières parfois ténues entre la réalité et la fiction. A partir de situations concrètes – dispute entre deux amants, interview d’une jeune femme actrice et escort-girl, enquête autour d’échanges entre clients et prostituée – un espace naît, bricolé, pluriel, lieu de partage d’expériences multiples, qui pourtant à elles toutes esquissent une vision complexe de notre société.
On entre dans la salle comme si on entrait dans l’appartement de quelqu’un ou dans une salle de répétitions. En réalité dans le spectacle, tout est affaire personnelle – vêtements, musique, inspirations mais surtout les histoires que l’on sent authentiques même si retravaillées. Dans cet espace qu’occupent écrans, photos de personnages androgynes ou femmes fatales, ordinateurs et matériel de captation, on a l’impression  d’assister à une représentation privée ou plutôt à une répétition. Masculin / Féminin est une plongée dans un processus de création en mouvement, un work in progress où se mêlent les formes et les forces (vidéo, danse, théâtre, cinéma), où s’expérimentent, en direct, portraits filmés/enregistrés/photographiés, histoires personnelles ou imaginaires, auto-fiction(s). Dans cet atelier/laboratoire, une bande d’amis – six acteurs-personnages – est au travail, expérimente, enquête, tourne autour des questions du désir, du corps et de l’identité sexuelle, du rôle de l’acteur et du regard de l’autre, des frontières entre la réalité et la fiction. Créée en 2011 sous l’impulsion de Julie Duclos par une bande d’anciens élèves du Conservatoire national de Paris, la compa­gnie In-quarto poursuit avec Masculin/Féminin son exploration des frontières entre théâtre et réalité.

Assistante à la mise en scène, régie son : Anne Dessertine / Création lumière : Marine Levey / Régie vidéo : Guillaume Malichier

Avec l’aide de la 
Mairie de Paris/Paris Jeunes Talents, l’aide à la diffusion d’Arcadi, le soutien du Théâtre Nanterre-Amandiers à Nanterre et de l’Université Paris VIII à Saint-Denis.

Julie Duclos et la Compagnie L’In-quarto ont bénéficié en 2013
du dispositif d’accompagnement A.V.E.C. mis en place par le Théâtre
de Vanves, Arcadi - Pôle Ressources et le Bureau Cassiopée.